Friday, March 12, 2010

Conferência mundial em Lisboa debate bem-estar nos parques aquáticos

Conferência mundial em Lisboa debate bem-estar nos parques aquáticos

Mais de cem especialistas de todo o mundo vão estar em Lisboa no fim de semana para debater os últimos avanços na área da saúde e bem-estar dos mamíferos marinhos mantidos em parques zoológicos.
O aperfeiçoamento das técnicas de treino destes animais aquáticos para as suas apresentações públicas terá também um módulo específico, explicou à Lusa Arlete Sogorb, do comité de organização da conferência, adiantando que estarão presentes veterinários, biólogos, diretores de zoos, treinadores, pesquisadores e estudantes.
"Iremos falar sobre o projeto delfim, dos golfinhos do Sado, sempre no âmbito do programa de conservação que o zoo [jardim zoológico de Lisboa] está a apoiar", acrescentou a responsável.
Trata-se de uma colaboração que prevê o apoio do zoo a animais que deem à costa, apoio financeiro indireto e pagamento de taxa de carbono, cuja verba será encaminhada para os animais do Sado.
Relativamente ao bem estar animal, Arlete Sorgob reconheceu que é um tema que ainda suscita muito debate e estudos e uma "preocupação constante de quem trabalha com estes animais".
Para a médica veterinária, o fato de estarem em cativeiro não é necessariamente fonte de mal-estar, se tiverem as condições de qualidade e conforto de que necessitam.
"Na natureza, estes animais [também] sofrem brutalmente com poluição acústica e química e com ocupação humana, como é o caso do Sado", disse.
O Jardim Zoológico fez recentemente parte de um projeto de estudo de stress e, segundo a responsável, é já bastante evidente que, apesar de ser inegável a redução de espaço em que vivem, um animal destes habituado a espaço zoológico, com alimentação garantida, sem predador, com água que cumpre os padrões europeus de qualidade e conforto sonoro, muitas vezes sofre menos stress do que em meio natural.

"Há uma evolução muito grande em parques zoológicos e por isso há uma nova técnica de enriquecimento ambiental, em que se esconde alimento para o animal procurar, brinca-se com ele, está com um companheiro, deixa de estar... Nunca há rotina, mesmo as apresentações não são iguais", contou Arlete Sorgob.
A veterinária alerta contudo que estes animais têm um instinto de reprodução e preservação, sendo por isso fundamental conhecer bem a sua índole e história biológica para evitar acidentes.


"Em qualquer animal é preciso saber como procura alimento, como se reproduz, como defende a cria. Um treinador não deve entrar na água quando o objetivo do animal é a copula ou a cria, eles não querem saber de mais nada. É importante conhecer o comportamento natural da espécie", sublinhou.


Mas o treinador ocupa um papel central na vida dos animais marinhos em cativeiro e é uma fonte de estabilidade: "Durante um tratamento médico, por exemplo, o animal fica mais tranquilo se o treinador estiver perto".


Organizada pelo Jardim Zoológico, a 38.ª Conferência Anual da Associação Europeia de mamíferos Marinhos será amiga do ambiente, pelo que utilizará materiais recicláveis, catering nacional e documentos em suporte digital.
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